quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma versão de mim

Me acho um Et de calcinha...
Meu mundo é inacreditávelmente fantástico e até mesmo insuportável para algumas pessoas.
Minha cabeça é indecifrável e "tirar o suco" dela é algo um pouco inexorável...
Tenho tanta dificuldade de traduzir meus pensamentos que sinto dor, talvez por isso a convivência comigo seja tão insuportável. Estou sempre incomodada, sempre dolorida e sempre insatisfeita com as insatisfações alheias.
Sou meio John coffie, sempre um pardal na chuva, sozinha... Não, eu não tenho par, sou um pouco Joker, sempre rindo do que não existe, sempre construindo meus pensamentos no caos que transcende ao universo. Sou como um amigo meu fala, um cálculo matemático improvável, maníaco e inesgotável... Como 2+2=5. Sou meio palhaça, faço pirraça, faço rimas e não-rimas. Eu posso tudo, apesar de muitas pessoas falarem que eu não posso nada. Pra mim tudo é possível e sempre subverto o que se aproxima de mim. Quero sempre transgredir, explorar, descobrir algo novo, acrescentar algo novo. Pra mim nada tem formato, forma, fórmula ou composição definida. Eu me invento a cada segundo, eu mudo a cada fração de segundo. Sou ansiosa, perdida e estabanada. Estou sempre a procura, sou sempre alto-crítica, sempre egoísta e quase sempre maluca, louca e insandecida. Eu sou o que você não pode ser e o que ninguém jamais será .Eu sou o que sou e você pode ou não gostar... De uma personalidade initendível e uma lealdade inquestionável. Prazer, Luana, mas, pode me chamar de lu, lulu, lua ou luluca... Eu sou vários nomes em uma só pessoa. Sou várias pessoas e sou uma só.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A caixa de Pandora (Parte I)

Ela amava o infinito. Do infinito era parte e o infinito se fazia nela. Não era aquele infinito ao qual damos proporção, era um infinito incalculável, insólido, impossível de se medir ou mesmo de se ver. E, por isso torna-se incompreendido. E ela, incompreendida pois portava dentro de si algo impassível à compreensão humana.

A garota, no entanto, tinha ânsia de ser perfeita e assim se fazia imperfeita, por acreditar que nada existiria além de sua perfeição. Fora criada para isso e para isso deu-se. Se pronunciava com clareza, era adequadamente limpa e organizada. Era moça impecável, doce, amiga e, se não bastasse, proferia palavras que exaltavam qualquer um que estivesse até a dez metros de distância dela.

Sua família lhe conferia o título, e, nada havia de errado com ela. A não ser pelo seu nome. Pandora.

- Pandora? Escutava isso desde a infância.
- Sim, Pandora!

O nome lhe havia sido dado por sua avó, que ficara louca pouco antes de seu nascimento. Anastácia era seu nome. Anastácia - A louca, como era chamada. Mulher já idosa que usava unhas negras e saia as ruas bem maquiada. Seus cabelos eram impecavelmente tingidos de vermelho, tão intenso que sua cabeça parecia estar sangrando constantemente. A velha falava dos mortos e contava histórias assustadoras.

O nome, Pandora, veio de seu nascimento. A menina rosa trouxe, no momento em que nasceu a mensagem de morte para sua mãe e a mensagem da sua própria morte. Anastácia a amaldiçoou sem medo da aglomeração à sua volta que lhe testemunhava.

Com todo o escândalo dentro do hospital, não demorou muito até que o cônjuge da falecida tirasse o bebê da velha louca. O pai da garota estava estarrecido com o falecimento de sua namorada, ao menos sabia que ela estava grávida. Chorava muito, não disse nada, apenas pegou a menina e saiu andando lentamente até a porta giratória. Felipe, nunca iria esquecer aquele dia, as paredes verdes rigorosamente limpa e aquele cheiro enjoativo de desinfetaste impregnava suas narinas. Sua vontade era ir embora, sumir com sua filha, ir para qualquer ponto no universo onde a lembrança de sua amada não lhe atormentasse.

Quando estava quase conseguindo sair pela porta e deixar todo aquele choro para trás, Anastácia - A louca, ainda atormentada pela morte da filha lhe grita. - Felipe! e, se jogando a seus pés lhe pede. Chame-a Pandora, é meu último pedido.

Felipe temeu aquelas palavras até seu último fio de cabelo. Se tremeu todo e num ato súbito levantou a velha, olhou bem nos olhos dela e não disse nada, apenas fez com a cabeça que sim. Anastácia deu um sorriso sem mostrar os dentes, lhe marcou com as unhas e disse. Essa caixa é para ela, fui eu mesma que fiz. Dê a ela quando for hora. Você saberá quando for a hora.

A velha deu uma gargalhada e seu corpo desintegrou no ar, como se tivesse sido transformado em pó. Era um pó negro que tirava das narinas de Felipe aquele cheiro insuportável de hospital, e criava um clima hostil naquele ambiente incomparavelmente limpo. Há aqueles que duvidam dessa história, mas, o que se sabe, é que os cabelos de Pandora eram louros em sua ficha de hospital, e, em sua certidão de nascimento, dois dias após o fato, eram negros.